quinta-feira, 20 de maio de 2010

20/05/2010-Amador de elite

Amador de elite
Emerson Gomes
As desculpas para desanimar serão sempre maiores e mais frequentes. Então, não penso muito. Acordo, pego minha bike e vou pedalar. Pronto.O ciclismo e a minha vida já estão integrados faz tempo. O topo de uma montanha não é uma vitória esportiva, é uma vitória pessoal. Adoro desafios. Eles são minha principal motivação. Quando criança, momento em que a bicicleta entrou na minha vida – e na vida da maioria das pessoas –, sempre me desafiava a ir além. Meu primeiro emprego foi de entregador. Lógico, fazia isso de bicicleta. Escolhia as subidas mais difíceis e tentava chegar cada vez mais rápido. Isso me fez melhor.Quando jovem, sonhava que um dia pedalaria na Europa. Não me tornei profissional. Treino todos os dias com a paixão de um amador. Há dois anos viajo como convidado da minha equipe para competir na Itália e na França e volto com bons resultados. É o melhor exemplo de que é preciso sonhar nesta vida. Por mais que pareça impossível, tem que acreditar. Infelizmente, viver de ciclismo é muito difícil. Quase impossível. Tive que me afastar dos pedais durante a faculdade. Época em que trabalhei e estudei. Formei-me em farmácia e logo montei uma drogaria para mim. Uma coisa é certa: farmácia só vai quem está doente. É um ambiente estressante. A pessoa chega lá desanimada com a doença e com o fato de ter que gastar com um tratamento. Enfim, logo vi que precisava de um esporte para me desestressar. Em 2005, voltei a pedalar. Apenas treinando empiricamente não chegaria muito longe. Sempre me adoecia. Encontrei a assessoria da BR Sports e acho que fui muito feliz nesta escolha. Trabalhando das 8h às 20h, preciso sair de casa às 5h30 para pedalar, voltar, tomar banho e correr para o trabalho. Hoje, treino uma média de 2h/2h30 por dia. Faça chuva, faça sol. Nem preciso dizer como é difícil sair da casa nesses dias frios. Mas não me permito falhar. As desculpas para desanimar serão sempre maiores e mais frequentes. Em poucos momentos você encontrará algo realmente motivador. Então, não penso muito. Acordo, pego minha bike e vou pedalar. Pronto. O ciclismo, para mim, é o mais difícil dos esportes. O resultado demora para aparecer e quando você acha que está muito bem, 20 adversários chegam melhor do que você nas provas. Além disso, é preciso ter sempre uma dieta e um cuidado com o peso, com a recuperação. O apoio da família é sempre muito importante. Minha noiva, por exemplo, sabe que no final de semana de prova o sábado está comprometido, pois tenho que descansar – e domingo também, pois estou cansado. Como farmacêutico, tenho acesso a tudo. Apesar das brincadeiras dos amigos, mantenho-me distante das drogas do ciclismo. Meu conhecimento e minhas experiências com os clientes deixam muito claro os problemas de quem opta por esse caminho. Uma nutricionista me ajuda com a dieta e com os suplementos – uso basicamente maltodextrina – e meus exames de sangue demonstram um nível normal de hematócrito. Quem apela para as drogas não consegue se manter em alto nível por muito tempo. Se eu tenho no currículo os títulos paulista e valeparaibano de resistência em 2008, isso é fruto da minha consistência. Nem sempre eu ganho, mas estou sempre entre os melhores. Nos dois últimos anos, tive a chance de competir provas internacionais, convidado pelo patrocinador da equipe que integro, a Tecnoval. Fui o melhor brasileiro no último L’Etape do Tour, mas, sem dúvida, o que mais me marcou nessa experiência internacional é a paixão dos europeus pela bicicleta. Ver os franceses nas ruas naquele dia de temperatura fria, aplaudindo os amadores, foi sensacional. E pensar que as pessoas que encontro na rua enquanto pedalo muitas vezes me xingam e pensam que eu não tenho mais nenhum compromisso. Que eu sou um à toa atrapalhando o trânsito. Quanta diferença.Minha cidade, Guaratinguetá, é uma cidade que facilita a vida do ciclista. Além de poder sair de casa pedalando, tenho opções de pedalar subidas nas Serras do Mar e da Mantiqueira ou treinar plano na Dutra. O grande número de praticantes na região também ajuda a empolgar. No meu caso, tenho sempre a companhia do meu amigo Taquara e do Tiago Fiorilli, ciclista profissional. Sou um ciclista com bom desempenho nas subidas e que se defende bem nos sprints. Em 2009, fui o 84º entre os 9.000 participantes da Maratona dles Dolomites, prova amadora disputada na Itália. Um desempenho que me deixou muito satisfeito. Semanas antes, em uma cronoescalada no Passo Pordoi, com 9,5 km, fiquei em segundo na minha categoria. Se vale a pena tanta entrega? Claro. Fui picado pelo bichinho do ciclismo, como dizem meus amigos. Senão, não chegaríamos de uma viagem de avião de 12 horas e iríamos direto para Interlagos, alinhar para a 9 de Julho. Isso é paixão pura. desculpas para desanimar serão sempre maiores e mais frequentes. Então, não penso muito. Acordo, pego minha bike e vou pedalar. Pronto.O ciclismo e a minha vida já estão integrados faz tempo. O topo de uma montanha não é uma vitória esportiva, é uma vitória pessoal. Adoro desafios. Eles são minha principal motivação. Quando criança, momento em que a bicicleta entrou na minha vida – e na vida da maioria das pessoas –, sempre me desafiava a ir além. Meu primeiro emprego foi de entregador. Lógico, fazia isso de bicicleta. Escolhia as subidas mais difíceis e tentava chegar cada vez mais rápido. Isso me fez melhor.Quando jovem, sonhava que um dia pedalaria na Europa. Não me tornei profissional. Treino todos os dias com a paixão de um amador. Há dois anos viajo como convidado da minha equipe para competir na Itália e na França e volto com bons resultados. É o melhor exemplo de que é preciso sonhar nesta vida. Por mais que pareça impossível, tem que acreditar. Infelizmente, viver de ciclismo é muito difícil. Quase impossível. Tive que me afastar dos pedais durante a faculdade. Época em que trabalhei e estudei. Formei-me em farmácia e logo montei uma drogaria para mim. Uma coisa é certa: farmácia só vai quem está doente. É um ambiente estressante. A pessoa chega lá desanimada com a doença e com o fato de ter que gastar com um tratamento. Enfim, logo vi que precisava de um esporte para me desestressar. Em 2005, voltei a pedalar. Apenas treinando empiricamente não chegaria muito longe. Sempre me adoecia. Encontrei a assessoria da BR Sports e acho que fui muito feliz nesta escolha. Trabalhando das 8h às 20h, preciso sair de casa às 5h30 para pedalar, voltar, tomar banho e correr para o trabalho. Hoje, treino uma média de 2h/2h30 por dia. Faça chuva, faça sol. Nem preciso dizer como é difícil sair da casa nesses dias frios. Mas não me permito falhar. As desculpas para desanimar serão sempre maiores e mais frequentes. Em poucos momentos você encontrará algo realmente motivador. Então, não penso muito. Acordo, pego minha bike e vou pedalar. Pronto. O ciclismo, para mim, é o mais difícil dos esportes. O resultado demora para aparecer e quando você acha que está muito bem, 20 adversários chegam melhor do que você nas provas. Além disso, é preciso ter sempre uma dieta e um cuidado com o peso, com a recuperação. O apoio da família é sempre muito importante. Minha noiva, por exemplo, sabe que no final de semana de prova o sábado está comprometido, pois tenho que descansar – e domingo também, pois estou cansado. Como farmacêutico, tenho acesso a tudo. Apesar das brincadeiras dos amigos, mantenho-me distante das drogas do ciclismo. Meu conhecimento e minhas experiências com os clientes deixam muito claro os problemas de quem opta por esse caminho. Uma nutricionista me ajuda com a dieta e com os suplementos – uso basicamente maltodextrina – e meus exames de sangue demonstram um nível normal de hematócrito. Quem apela para as drogas não consegue se manter em alto nível por muito tempo. Se eu tenho no currículo os títulos paulista e valeparaibano de resistência em 2008, isso é fruto da minha consistência. Nem sempre eu ganho, mas estou sempre entre os melhores. Nos dois últimos anos, tive a chance de competir provas internacionais, convidado pelo patrocinador da equipe que integro, a Tecnoval. Fui o melhor brasileiro no último L’Etape do Tour, mas, sem dúvida, o que mais me marcou nessa experiência internacional é a paixão dos europeus pela bicicleta. Ver os franceses nas ruas naquele dia de temperatura fria, aplaudindo os amadores, foi sensacional. E pensar que as pessoas que encontro na rua enquanto pedalo muitas vezes me xingam e pensam que eu não tenho mais nenhum compromisso. Que eu sou um à toa atrapalhando o trânsito. Quanta diferença.Minha cidade, Guaratinguetá, é uma cidade que facilita a vida do ciclista. Além de poder sair de casa pedalando, tenho opções de pedalar subidas nas Serras do Mar e da Mantiqueira ou treinar plano na Dutra. O grande número de praticantes na região também ajuda a empolgar. No meu caso, tenho sempre a companhia do meu amigo Taquara e do Tiago Fiorilli, ciclista profissional. Sou um ciclista com bom desempenho nas subidas e que se defende bem nos sprints. Em 2009, fui o 84º entre os 9.000 participantes da Maratona dles Dolomites, prova amadora disputada na Itália. Um desempenho que me deixou muito satisfeito. Semanas antes, em uma cronoescalada no Passo Pordoi, com 9,5 km, fiquei em segundo na minha categoria. Se vale a pena tanta entrega? Claro. Fui picado pelo bichinho do ciclismo, como dizem meus amigos. Senão, não chegaríamos de uma viagem de avião de 12 horas e iríamos direto para Interlagos, alinhar para a 9 de Julho. Isso é paixão pura.
fonte Prologo

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