sexta-feira, 22 de abril de 2011

Qual o futuro do ciclismo?

Muitos questionamentos e especulações existem em torno do futuro do ciclismo. O que será do esporte dentro de alguns anos? A resposta parece ter começado a surgir no final do último ano.O presidente da UCI (União Ciclística Internacional) Pat McQuaid anunciou sua ambição em expandir a categoria, globalizá-la ainda mais e implementar competições de alto nível em centros antes não tão visados como América do Norte, América do Sul e Ásia. Até mesmo os africanos foram lembrados.Definitivamente, o perfil da entidade máxima do ciclismo parece mudar, deixando o conservadorismo e centralismo um pouco de lado. Outra constatação sobre essa mudança de postura foi a divulgação das equipes profissionais continentais na temporada 2011.Equipes de grande expressão como as francesas Cofidis e Française des Jeux (FDJ) e a italiana Geox (ex-Footon Servetto) acabaram rebaixadas e deixaram de integrar o ProTour; outras ficaram de fora, caso da Pegasus Sport, do sprinter Robbie McEwen. Em contrapartida, os colombianos da Pasión-Café, novamente, colocam uma equipe sul-americana na 2ª Divisão do ciclismo mundial.McQuaid também falou sobre o futuro das grandes voltas e deixou claro que o Tour de France é intocável e não deve sofrer qualquer tipo de alteração no calendário, mas considerou as hipóteses das outras duas grandes voltas – Giro d´Italia e Vuelta a España terem um processo de encurtamento.Tudo isso é resultado de uma única constatação: o ciclismo está se modernizando e alcançar mercados abrangentes torna-se uma das vias para o sucesso do esporte ao redor do planeta. Mas onde fica o Brasil em meio a isso tudo? Todas as experiências vivenciadas, inclusive no último Campeonato Mundial, servem de referência. É preciso ter um feedback técnico, obter noções de estrutura e planejamento para que seja realizado um projeto grandioso. Sabemos das limitações e certamente teremos que adquirir uma dinâmica mais acelerada para que, nos próximos anos, possamos, quem sabe, realizar eventos de primeira grandeza e receber os melhores ciclistas do mundo em terras tupiniquins. Estamos, de maneira lenta, mas consistente, progredindo e buscando um maior espaço no cenário internacional. Apesar de poucos, os ciclistas brasileiros têm realizado intercâmbios no exterior e conquistado mais oportunidades e visibilidade.Se pensarmos nas equipes nacionais, Pindamonhangaba encerrou 2010 na liderança do ranking AmericaTour e, pelo segundo ano consecutivo, integra o grupo de times Continentais. Mesmo desejo dos paranaenses da DataRo. Esse é mais um dos passos que devemos trilhar, com seriedade e sem repetir os erros anteriores (basta recordar que a extinta equipe Scott utilizou a licença Continental por dois anos e quando chegou à categoria ProContinental enfrentou inúmeros problemas).Temos um bom exemplo “ao lado” com os argentinos, que, neste mês de janeiro, realizam mais uma edição do Tour de San Luís. Após inúmeros esforços e com um planejamento adequado, a prova conquistou – com méritos – o apoio da UCI. Para se ter uma noção da dimensão adquirida pela competição, o italiano Ivan Basso, bicampeão do Giro d´Italia, será novamente um dos presentes no evento ao lado da Liquigas.Estamos longe dessa realidade e precisamos reconhecer e admitir isso. Porém, a tendência da globalização no esporte tem como objetivo abrir perspectivas para os mercados emergentes e devemos buscar e firmar nosso espaço no ciclismo. O futuro está olhando para nós!